20.6.13

Sobre a inocência de um corpo estranho

Tenho pequenos momentos de coração na vida
momentos de um coração a funcionar como uma verdadeira máquina de vida

emociona-me pensar no dia em que ele, por causa de alguém, deixa de me bater o corpo.

17.6.13

Sobre a inocência de um corpo estranho

Quando duas pessoas sinceramente se apaixonam
tecem cada uma em sua pele uma capa quase opaca
Criam um processo de ilusão emocional
Só sentem o que querem sentir
São capas uterinas
que sintetizam os sinais
que processam a informação de modo a criar um bem-estar supremo
Eu crio uma personagem em ti e tu crias uma personagem em mim
Mesmo tendo consciência do processo, o corpo torna-nos vulneráveis
…é inevitável uma sensação de receio 
Torna-se uma guerra interna
Eu sei que estou dentro de um corpo que não é o meu
e vejo uma pessoa que não é ela
Pior!
Não a posso culpar por isso
Fui eu que a construí
…Com a vivência as capas rompem-se
Os fluidos interiores misturam-se
Nesse momento veneno e antídoto revelam-se

dois venenos
dois antidotos
um veneno e um antídoto

Guerra
indiferença

Cumplicidade eterna

luis morgado

11.8.11

21.7.11

A Náusea

"Se não me engano, se todos os sinais que se vão acumulando são precursores de uma nova transformação brutal da minha vida, então tenho medo. Não que a minha vida seja rica, importante nem preciosa, mas tenho medo do que vai nascer, apoderar-se de mim e arrastar-me... Arrastar-me para onde? Vou ter outra vez de partir, deixar tudo em meio, as minhas pesquisas o meu livro? voltarei a acordar daqui a alguns meses. Daqui a alguns anos, derreado, desiludido, no meio de novas ruinas? Queria ver claramente o que se passa em mim, antes que seja tarde de mais." (Sartre, J.P., in A nausea, p.17)

8.3.11

seq_16

fotos_luís morgado