17.6.13

Sobre a inocência de um corpo estranho

Quando duas pessoas sinceramente se apaixonam
tecem cada uma em sua pele uma capa quase opaca
Criam um processo de ilusão emocional
Só sentem o que querem sentir
São capas uterinas
que sintetizam os sinais
que processam a informação de modo a criar um bem-estar supremo
Eu crio uma personagem em ti e tu crias uma personagem em mim
Mesmo tendo consciência do processo, o corpo torna-nos vulneráveis
…é inevitável uma sensação de receio 
Torna-se uma guerra interna
Eu sei que estou dentro de um corpo que não é o meu
e vejo uma pessoa que não é ela
Pior!
Não a posso culpar por isso
Fui eu que a construí
…Com a vivência as capas rompem-se
Os fluidos interiores misturam-se
Nesse momento veneno e antídoto revelam-se

dois venenos
dois antidotos
um veneno e um antídoto

Guerra
indiferença

Cumplicidade eterna

luis morgado

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